Borboletas elétricas


A diretora paulista Gabriela Lamas notou semelhanças insuspeitas entre o seu “Eu não sou um robô” (2021) e “I’m not a robot” (2025), de Victoria Warmerdam, que ganhou o Oscar de melhor curta-metragem de ficção, que vão além do título. Os filmes estão aí, então cada um que tire a sua conclusão. De minha parte, acredito que há temas que são cruzados o tempo inteiro na área, à espera de alguém que os cabeceiem para o gol. O tal espírito do tempo. Mas, se eu fosse arriscar o nome de um culpado, eu diria que foi Philip K. Dick.

Outros autores tinham falado antes de autômatos demasiado humanos, porém ninguém infectava nossas cacholas com ideias inconvenientes como ele – que não era um visionário, isso não existe, o que há são escritores excessivamente conectados à realidade, o que pode causar danos à sanidade. A Rachel de “Blade runner” (1982), roteiro de Hampton Fancher e David Peoples baseado em seu livro “Do androids dream of electric sheep?”, é pega sem saber no Teste Voight-Kampff. Recentemente, Alex Garland meteu o dedo na ferida em uma cena especialmente perturbadora de “Ex Machina” (2014). E se formos borboletas elétricas sonhando que somos humanos?


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