Quem estava ligado nas redes sociais no último dia 28 foi bombardeado por memes anunciando que o Dia do Julgamento Final, segundo a franquia “O Exterminador do Futuro”, seria no dia seguinte. A essa altura, todos sabem que a informação era inverídica, pois no segundo filme (de 1991) é dito por Arnoldão em pessoa que o fim do mundo aconteceria em 29 de agosto de 1997 – ou seja, já aconteceu faz tempo. Porém, na data alardeada equivocadamente estreou na Netflix a série em animação “Terminator Zero”, seu novo produto. Não é difícil que concluir que se tratou de um golpe de marketing disparado pelo algoritmo contra incautos. Para a metalinguagem publicitária da campanha ser perfeita, só faltava ter sido criada por alguma inteligência artificial.
Se serve de consolo para quem foi usado, o seriado é ótimo, a melhor coisa feita depois da primeira continuação – até porque não é uma sequência, mas uma espécie de recomeço. Produzida pela estadunidense Skydance Television em parceria o estúdio de animação japonês Production IG. A grande sacada do roteirista Mattson Tomlin (do último filme do Batman) foi partir apenas dos conceitos originais criados por James Cameron e Gale Anne Hurd para contar a história sob outra perspectiva. Como a ação foi transferida para Tóquio, a direção ficou nas mãos de Masashi Kudo (de “Bleach”) e o seriado tem as características clássica do anime – estilo que não me agrada, mas tem o seu eleitorado.
“Terminator Zero” se passa numa linha de tempo diferente da franquia do cinema, em agosto de 1997 – só para matar de raiva quem engoliu a isca e fez propaganda de graça para a Netflix – com idas e vindas no tempo e seus paradoxos. Nela, o cientista Malcolm Lee de alguma forma sabe dos efeitos devastadores causados pela inteligência artificial Skynet e trabalha na sua própria, Kokoro, para detê-la. O risco é que ela se volte contra o criador e se alie à parente de bytes – “por que devo salvar a Humanidade?”, pergunta a ele. Como no primeiro filme, aos poucos os verdadeiros papéis dos personagens são revelados.
De certa forma, a série é até melhor que os ótimos filmes de pura ação de Cameron. Kudo garante as cenas eletrizantes, enquanto Tomlin adiciona questões existenciais e científicas em meio às perseguições e explosões que caracterizam a franquia. Não é apenas som e fúria que não significa nada.